INTERTEXTUALIDADE

INTERTEXTUALIDADE

Grosso modo, pode-se definir a intertextualidade como sendo um "diálogo" entre textos. Esse diálogo pressupõe um universo cultural muito amplo e complexo, pois implica a identificação e o reconhecimento de remissões a obras ou a trechos mais ou menos conhecidos. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções diferentes que dependem dos textos/ contextos em que ela é inserida.
Evidentemente, o fenômeno da intertextualidade está ligado ao "conhecimento do mundo", que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao produtor e ao receptor de textos.
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, não se restringindo única e exclusivamente a textos literários, mas também na pintura, no cinema, na publicidade etc.

Há três tipos básicos de Intertextualidade: a apropriação, a paráfrase e a paródia.



APROPRIAÇÃO

Ocorre a apropriação quando um texto é retomado por outro sem nenhuma alteração, ou seja, há uma retomada literal e idêntica do que foi dito anteriormente em outro texto; em geral, colocam-se aspas para marcar a apropriação de um texto.


Texto-Base:
Minha terra tem palmeirasOnde canta o sabiá,As aves que aqui gorjeiamNão gorjeiam como lá.(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).



Apropriação de “Canção do Exílio” presente no Hino Nacional Brasileiro:

Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos “têm mais flores”;
“Nossos bosques têm mais vida”
“Nossa vida”, no teu seio, “mais amores”


PARÁFRASE

A paráfrase ocorre quanto existe uma grande proximidade entre o texto base e o que dele se apropriou, ou seja, o novo texto retoma o texto base com outras palavras, mas mantendo o mesmo sentido. Assim, toda vez que recontamos um filme ou livro, re-escrevemos uma ideia, re-elaboramos argumentos e reapresentamos teses, refazemos percursos de linguagem já percorridos e estamos diante de formar mais ou menos fortes de paráfrase.
Ex.: Alguém poderá dizer, de maneira rápida, que o romance Dom Casmurro narra a história de um casal, Bentinho e Capitu, infelicitado pela desconfiança do marido quanto à fidelidade da esposa. Isso nada mais é do que paráfrase. Ou seja, contou-se com outras palavras o que foi dramatizado por Machado de Assis.


Paráfrase de Carlos Drummond de Andrade:

Meus olhos brasileiros se fecham saudososMinha boca procura a ‘Canção do Exílio’.Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?Eu tão esquecido de minha terra…Ai terra que tem palmeirasOnde canta o sabiá!(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).



Texto-Base: Carreira Hereditária

Analisando essa carreira hereditáriaquero me livrar dessa situação precária(repete)onde o rico cada vez fica mais ricoe o pobre cada vez mais pobree o motivo todo mundo já conheceé que o "de cima" sobee o "de baixo" desce...

Texto-Paráfrase: Carreira Estagiária

Analisando minha carreira estagiáriaquero me livra dessa situação primária...onde o efetivo cada vez fica mais ricoe o estagiário cada vez é mais otário,e o motivo todo mundo já conhece...o efetivo sobe, o estagiário desce.[...]
Mas eu só quero é comprar meus livros,pagar a minha mensalidade com muita dignidade,eu quero viver bem,terminar de estudar,mas a grana que eu ganho
não dá nem para contar...e o motivo todo mundo já conhece...






PARÓDIA

A paródia é uma imitação, na maioria das vezes cômica, de uma composição artística ou literária. Sendo uma imitação que geralmente possui efeito despojado, utiliza a ironia e o deboche. Ela geralmente é parecida com a obra de origem, mas sentido diferente.

Texto-Base:
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá."
(Canção do exílio - Gonçalves Dias)


Paródia de Oswald de Andrade:
"Minha terra tem palmares[1] onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá"

Paródia de Murilo Mendes:
“Nossas flores são mais bonitas
Nossas frutas mais gostosas
Mas custam cem mil réis a dúzia.”

Paródia de autor desconhecido:
“Minha terra tem favelas
Onde pipocam tiros
As balas que aqui pipocam
Não pipocam como lá”

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